4 de agosto de 2010

Luciano

Aos 13 descobri o sexo, desde a primeria, violento, perfeito. um junkie engraçadinho, com 22, ainda tomo vodka como se fosse água. nunca dei muita bola pra minha diabetes, e faz uns anos que ela não vem me dando bola também. parei com a insulina faz um tempo. não sinto saudades, tampouco ela. o fim desse relacionamento me foi uma bênção.

hoje é meu aniversário. ontem foi espetaculrmente estranha a noite, sexo surrealizado.

23:50, na porta de um shopping decaído, eu e meus amigos, bebendo, fumando, jogando. jogados por ali, habitual. sabe como é, sempre se acoplam uns agregados, amigos amigos de amigos de amigos, um deles tão magro que parecia querer quebrar. com uma cara de novinho, silencioso. quieto bebericava, sem fumar.

acho que foi a garoa que nos fez introspectados, mas eu (raramente verdadeiro) fazia coisas sem parar, meio que fingindo que ele não me perturbara, que era outro amigo de amigo, exímio encolhido. pensei que não nos haveria contato.

um amigo de amigo me veio pedir cigarro, mas ele não era fumante, "é pro meu amigo, Luciano" e apontou o silêncio apático da névoa que saía da boca, ainda longínqua, do menino

dei cigarro nenhum, fui saber o motivo pra não pedir direto comigo. "desculpa-me". dei o cigarro, ele sorriu, devolvi maliciado, ele pediu outro, "só se for com um beijo teu como pagamento".


***


Molhei meus dedos na lubrificação do seu pênis. aquelas gotas saíam como saliva que duma criatura faminta escorre. no entanto o faminto era eu, com a língua molestadora na sua orelha.

os gemidos aquosos, metaforicamente liquefeitos penetravam a parede e meu dedos sem titubear adentraram-no fundo. imediatamente aconteceu um aumento na vazão das gotas penianas e dos sons intensos deslizantes. imediatamente o tesão subiu-me à cabeça.

eu nunca imaginara meus dedos tão espontâneos entrando num garoto, ele definitivamente não parecia ter 26... e aquela não parecia minha primeira vez com um cara. seu corpo me era a realização, houve a entrega absurda, absurdamente orgasmática.

apertei-lhe os alvos quadris, os ergui com força, o pus de joelhos e cotovelos no chão. minha lingua passeou, dessa vez, em outros lugares, os gemidos aumentaram progressivamente, em todos os lugares possíveis com mordiscadelas e cordialidade o lambi, precisamente, intensamente.

orelha, nuca, ombros, costas, bunda, coxas. cada curva, cada sutileza. cada pêlo arrepiado e meigos respiscos da sua musculatura.

minha boca, louca esfomeada, queria o engolir mas o massageava inteiro, entregue e meu. abracei-o fortemente e nossos corpos se encaixaram, perna com perna, peito, costas e abdome, o gostoso vão das nádegas, singelas e suaves. tudo se estabeleceu num engate perfeito.

daquele quente corpo magrelo, na sua delicadeza, o primeiro gesto safado: ele pegou meu pau e o arrumou do melhor jeito, para que eu o enfiasse nele. e fiz.

saliva e suor, a contribuição primeira da penetração insultosa que resultou naquela explosão. foi a mais bizarra e ultramaravilhosa sensação; ele gemia implorando por mim, me queria mais e mais dentro, mais forte, mais louco. eram quase urros, gritos leves que me extasiavam.

eu e ele não parávamos de subir e descer, em movimentos pelvicos malucos. toda a energia do sexo se expandiu. a abstração do sentimento, sem sensação, apenas o sublime orgasmo nos condenava a psicodelia de prazeres que nos açoitava enlouquecidamente.


***


Hoje faz 2 anos que não vejo Luciano, ainda lembro do seu corpo delicado, de cada detalhe, de cada suspiro que ele suspirava deitado em cima de mim. Alguma nostalgia, mas, no fim, é bem como a diabetes. some por uns anos, depois reaparece, com a mesma intensidade das outras vezes que esteve comigo.

Jorge

3 comentários:

  1. "queria o engolir mas o massageava inteiro" desmaiei de tão lindo :)

    ResponderExcluir
  2. adorei o blog!
    e o texto também!
    um conto envolvente, bom de ler, e com detalhes na medida certa!

    parabéns!
    vou acompanhar a partir de agora! =)

    ResponderExcluir